domingo, 12 de outubro de 2014
A melancia (miniconto)
Deveria ser uma homenagem
para a santa padroeira
Ou até para ela
Que segurou as pontas da vida
Até onde já não havia.
Não era para ser piada
Mas quando me recordo - Rimos.
Nós que fomos e os jovens -
nossos filhos e filhas
Que choram de rir também daquele dia.
(Quando a morte se aproxima
Todos nós acreditamos em
Milagres milagrosos...)
Fomos nós todos com tios, tias
e primos incluídos
A família em uma pequena romaria
Visitar Aparecida do Norte
(Naquele tempo era chamada assim)
(Família de gente sobrevivente
Se adapta com o ambiente)
Rezamos na nave central;
Entramos na fila para ver a
Nossa Senhora através do vidro
e fazer o sinal da cruz.
Compramos velas do nosso tamanho
E deixamos acesos no "local das velas".
Já adolescente, pensei:
"Compramos essas velas,
que derretem na sala ao lado... é só recolher, derreter, refazer e revender -
Lucro infinito!"
Sustei esses pensamentos (meus pecados).
Sob a basílica nova,
existia um grande salão para descanso.
Não havia ainda Mac Donalds,
Bob's ou BurgerKing -
Só sanduiches embrulhados em papel alumínio
e engradados de guaraná caçula
Para completar, como havia muita gente
Papai teve a idéia de levar
Uma enorme, redonda - chamativa melancia!
Naquela época, as pessoas levavam bananas,
maçãs, laranjas ou mixiricas, não uma melancia...
Nunca gostei de multidões
Atravessar um salão cheio , procurando espaço,
com o pai carregando aquela fruta e as pessoas olhando - confesso, fiquei muito envergonhada.
Só para terminar
Não houve o milagre esperado.
Pensando bem, talvez o milagre fosse esse.
Tirar de uma lembrança muito triste,
apenas o que vale a pena - graças à melancia!
* 12 de outubro - dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. E dia das crianças também.
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