quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

(...)





Madrugada chega rasteira
Com a crua razão na esteira
Derruba a tola esperança
Ainda uma criança pequena...



quinta-feira, 5 de novembro de 2015

o coringa

                 



                   Sem nada na manga
                   Junta-se trincas
                   O jogo não bate

                   Pinga e pinga - cartas na mesa
                    É o coringa...
                   Que completa o meu dia


 

domingo, 1 de novembro de 2015

rascunho cunhado...




Se pensar bem
A coisa toda era pequenininha
                            Um quase nada
Que eu pensava e você também
                                Esse nadinha
Nosso dia inteiro -
Num segundo se completava...





domingo, 25 de outubro de 2015

quem sabe





O assento que me cabe
Só a sina que sabe
(Na minha dança das cadeiras)
Sentar no chão também vale.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015


" O esperado" (the awaited - 2008) da artista australiana Patricia Piccinini, na exposição COMCIÊNCIA no CCBBsp (segundo semestre de 2015).
Copiei o texto de apresentação da obra, porque parece o desfecho "real" de um antigo conto desenvolvido por mim.

Em "O tão esperado", Patricia Piccinini faz uso da emoção para falar da ética flexível,  a transformação do tempo e do amor entre as espécies.  Uma figura,  que parece mais velha,  descansa no colo de um menino. Ela foi inspirada em um dugongo, animal que provavelmente deu origem ao mito das sereias. A harmonia entre eles existem no plano real e no plano do sonho que compartilham. O tempo da genética ultrapassa o tempo da consciência da vida. O tempo de espera torna-se irrelevante diante do tempo do amor.

Texto bonito, não?


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

pequena magia...




Ia além da física e da química
Aqui na lida, vida corrida
Quem ousaria crer na alquimia?


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

toc toc toc...





                                     Tanto medo
                                  Sem cabimento
                                Trancando portas
                                Fechando janelas
                                 Não se deu conta
                                    Que já entrei
                            Em seus pensamentos?


uma senhora para se admirar




            Fui a uma exposição que gostei muito - "Invento : as revoluções que nos inventaram", no último dia.
Estava garoando, ainda cedo, um público minguado, uma maravilha para quem adora sossego.
A pequena senhora entrou depois de mim, logo a percebi.
Sem celular, nenhum apetrecho tecnológico como a maioria , eu inclusa, ela admirava, observava obra por obra no seu próprio tempo ... olhar - vagar.
E eu desejei ser essa senhora no meu futuro, uma mulher conhecedora do tempo e ainda curiosa, com vontade de aprender coisas novas.

Ela me impressionou tanto quanto a exposição, e a poesia apareceu no meu olhar, com um toque de sorte para completar.

E vi...
O presente chegando - perto
Junto ao meu futuro - esperando
O passado carregando o mundo
e esse ...girando, girando

(É uma poesia visual, mas não sei publicar vídeo aqui)

#crônicadocotidiano



cara de otária




Gosto de perambular por aí,  visitar as feirinhas solidárias, comprar besteirinhas ou apenas passear distraída.
Um dia desses comprei duas toalhinhas de lavabo, bordados bonitos e com preços camaradas.
Passei para uma outra barraca abarrotada de bijuterias étnicas penduradas e espalhadas pela banca e ouvi uma moça perguntando o preço das pulseirinhas feitas com sementes:
 - "uma é três,  duas por cinco",  respondeu a vendedora de cabeça baixa,  sem olhar para a cliente, mas ouvi claramente.
Peguei uma, mal feita eu achei...vou levar, queria ajudar.
- " custa dez", disse na lata, a vendedora olhando para mim!!!


PS: Hoje, faz um ano e quatro meses que um técnico para consertar a máquina de lavar roupa me levou cem reais para comprar uma peça e nunca mais vi o sujeito, a peça nem a cor do dinheiro.





sábado, 3 de outubro de 2015

o castelo...



















Não me recordo da fachada, nem a cor das paredes.
Sei em qual bairro está situado, mas não tenho o endereço. Acho que era uma casa comum. 
Havia uma garagem, uma escada estreita  e um portão onde eu era proibida de chegar perto. 
Sob essa garagem, um espaço enorme para correr e dar tchau para os aviões que passavam, e um jardim onde minha avó me pedia para arrancar uma ou outra planta e  secar tudo em uma peneira de vime (bambu?) enorme. 
Gostava de brincar em uma pequena varanda coberta, logo na entrada da casa, ficava lá distraída enquanto a minha avó se ocupava com o jardim e a pequena horta que  havia criado no cantinho mais afastado. 
Ela pedia para que vigiasse e a avisasse quando o passarinho do relógio cuco saísse. Eu acreditava que morava um passarinho de verdade naquela bonita casa de madeira pendurada no hall de entrada. 
Também gostava de uma chapeleira que ficava atrás da porta. Sempre queria me ver naquele espelho, mas não alcançava, às vezes alguém me carregava para ver, até que um dia derrubei o móvel tentando escalar por onde colocavam os guarda-chuvas, apanhei da minha mãe...
Engraçado que não tenho memória nenhuma da cozinha, nem dos móveis da sala, fora uma cristaleira onde eu ficava admirando as peças de cristais que também não podia tocar de jeito nenhum. Lembro do meu pai me  carregando para o quintal e mostrando a luz incidindo em um daqueles copos, reflexos brilhantes e coloridos nas minhas mãos, muito bonitos...Não sei como ele conseguiu me convencer que a minha caneca de plástico com adesivo de rosas era mais bonita...
Havia um poço nos fundos,  achava que vivia um animal gigantesco que sempre tentava subir e então soava o alarme(na verdade era a bomba em funcionamento), um galinheiro e um anexo, quarto e banheiro. Minha mãe me trancou naquele quarto uma vez, não sei mais o porquê, mas me lembro do medo, de gritar e esmurrar a porta e olhar em torno...Vi um montão de pratos, copos e comecei a montar uma torre para fugir pela janela! Já estava no meio da "construção" quando minha avó abriu a porta. Ela dizia que o maior perigo era quando não me escutava. Não brigou comigo, só me disse que eu iria cair e poderia machucar o rosto. E quando crescesse não seria tão bonita para arranjar um bom casamento!!! 
          O meu lugar favorito era o meio da escada que levava para os quartos. Uma escada larga em "L", de madeira, com um patamar quadrado, lembro até hoje do cheiro da cera. Ficava muito tempo brincando naqueles degraus sozinha, mas nunca me senti só. Meus pais trabalhavam, minha irmã era um bebê e minha avó cuidava de nós duas e de tudo o mais. 
Tenho boas lembranças daquela casa, para mim parecia um castelo. Nos mudamos de lá quando eu tinha uns cinco anos.

Sempre tenho saudades da minha avó. Foi uma pessoa muito carinhosa e sensível. 
Colocava a minha canequinha dentro da cristaleira junto com as taças e copos de cristais. 








#pequenacrônicadeumtempo

hemorocallis




Até alguns dias atrás eu as chamava de lírios, mas não,  são  #hemorocallis.
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          Minha avó costumava pedir para colhe-las, não as flores abertas, nem as murchas, só os botões alongados.  
Ela lavava e espalhava num cesto de vime enorme, aos meus olhinhos pareciam, para serem secas ao sol. 
Poh-poh, como eu a chamava, temperava a carne bovina fatiada fina em pedaços bem pequenos com as hemorocallis secas e picadas. 
Um pouco de sal, um pouco de açúcar,  um pouco de pinga e um pouco de molho de soja - assim ela me ensinava, eu na ponta dos pés agarrada à pia, escutava. 
Depois cozia no banho-maria.
Não me recordo do gosto, naquela época não precisava comer, só queria brincar.





#pequenacrônicadeumtempo

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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

sereiando...




Navego pelas águas do conforto
Brinco com as marolinhas
Se canso, me afogo te levando comigo



quarta-feira, 30 de setembro de 2015

(...)




Numa  esquina  qualquer
Encruzilhada sem nome
Todos os santos se juntam
Mistura de promessas
De amor, de desespero
Até agradecimentos tem uns

Onde estranhos trocam olhares
E a vida muda de tom
Sob o abrigo do firmamento
                                         Silente...





quarta-feira, 23 de setembro de 2015

à procura...





Foi embora
Levando na mala
Minhas palavras

Agora
Vivo aos tropeços
Caindo na calçada

À  procura de pássaros cantantes
E sorrisos das luas crescentes


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

onde está a magia?




Pernas fortes fincam os pés na areia
Braços e mãos seguram a linha no ar
A pipa no alto dança e serpenteia
Leveza e poesia brincando a bailar

Mas hei que surge a cruel tormenta
Respingando sangue, degolando sinas
Pobre pipa, fenece o pueril poema
Cai sobre a terra, desfazendo seu papel

Pernas e braços - tão fracos
Pés na areia, linha pendendo na mão
Derrota no peito, prostração no olhar

Violência tanta,
Parece ofensa procurar o olhar poesia
Nos dias de agora... até quando?





domingo, 30 de agosto de 2015

(...)




Tem momentos assim
Agora eu sei
Agonia sem nome

O dia se esvai
Levando sol
O céu cor de rosa

E o consolo é olhar para a lua


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

(...)





Como se fosse possível
Se esconder do mundo
E rodopiar sem se importar
Com  cabelos brancos,
Compromissos e ser somente
Feliz...




O teatro




Não deve ser crime
Encontrar um comparsa
Para que a cena rime

Ainda que a fala teime
Que a montagem é farsa
Toda a peça é sublime


No palco, personagem e platéia

A vida ouve os aplausos na coxia...








sábado, 8 de agosto de 2015

(sem título )




Espalho folhas de sálvias
Pequenas camomilas
Lavanda e pétalas de rosas
Pelo caminho dos amantes

De coração lhes desejo
Um amor que perture

Num quadro tão vívido
Escondo o olhar desbotado...







.


lua minguante




Na curva da sombra
Aponta o sorriso
Anzol e isca

*
*
*

Sorriso
Divino
Isca e anzol
.

paciência





Ando impaciente
Com a mente na frente
E os passos atrás



.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

domingo, 21 de junho de 2015

inverno ...




De olhos fechados 
Tento o equilibrio
Na corda do vento
Com a bússola estranha
Apontando para o centro
Dentro do peito

E o ar uiva, passa pelas frestas
Sempre o mesmo - me chama





quinta-feira, 11 de junho de 2015

enluarada




Enluar - me
Ser tocada pelo calor
Daquela luz em toda face

Enluarada
Sentir o céu e ver estrelas
Em todas as fases






terça-feira, 9 de junho de 2015

sol de junho




O sol de junho atravessa o vidro da porta
Revela esquecimentos
Como os quadros de seda pendurados,
Quanto tempo estão naquela parede?

E eu converso contigo
Não te queria rimando com flor
Que sempre resvala na dor
Te queria rimando com alegria
Assim na poesia - uma parceria...


segunda-feira, 25 de maio de 2015

segunda-feira, 18 de maio de 2015

quinta-feira, 23 de abril de 2015

nos sonhos...




Marinheiro de tantos amares
Já não te mostrei todas as auroras
E os poentes possíveis?
Apontei as estrelas mais brilhantes,
Sussurrei ao pé do ouvido o segredo dos ventos,
Naveguei ao teu lado nas mais vis tormentas
E acalantei teu coração de menino
Contando as histórias do calor do sol pela lua.

Te mostrei meu mundo enquanto dormia.
Nos teus sonhos somos possíveis...



segunda-feira, 20 de abril de 2015

eco...




Não há nobreza quando
Se está faminto
Vasculha vestígios,  vadio
Inquieto coração  alça vôo
Procura outro canto, vazio
Outro beco
Que reverbere o seu eco




sexta-feira, 17 de abril de 2015

Curvas


Há que se curvar para reverenciar o céu 
Curvar-se para colher o alimento plantado
Para catar latas, papeis , lixo para viver,
Ainda curvar-se para o destino dito escrito?

Quero a curva dos lábios de um sorriso.
Ouso
O trajeto inédito a surpresa depois da curva

Mais - Quero as curvas de "vamos"
terminando com um acentuado ponto de interrogação  
riscado a dedo na palma da tua mão...





Aquecida




Envolvida
Pelo redemoinho
de teus versos
Voa.
É somente
Poema






quinta-feira, 16 de abril de 2015

presença




Bolinha de gude quicando
No chão frio de cerâmica
É assim o canto do beija-flor
Que nunca mais vi

Procurei entre os ramos
Nas folhas ainda verdes do verão,
Onde outrora nos encontramos
Olhei nos vãos tudo em vão

Só um continuo tec tec cantando no ar.

.




.



sábado, 11 de abril de 2015

VII - Do Desejo (Hilda Hilst)




"Lembra-te que há um querer doloroso
E de fastio a que chamam de amor.
E outro de tulipas e de espelhos
Licencioso, indigno, a que chamam desejo.
Há um caminhar descaminhar, um arrastar-se
Em direção aos ventos, aos açoites
E um único extraordinário turbilhão.
Por que me queres sempre nos espelhos
Naquele descaminhar, no pó dos impossíveis
Se só me quero viva em tuas veias?"


Enchantagem (Paulo Leminski)



de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo

esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito

pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar

tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece
verdade

o pau na vida
o vinagre
vinho suave

pense e te pareça
senão te invento por toda a eternidade

.



O espelho sabia...




Os retratos alinhados na parede
Tantos que não davam mais espaço
Contavam uma e muitas histórias

E aquela foto extraviada do correio
Parecia um lindo sonho encantado
Culpa de um carteiro desastrado
Não encontrava lugar que lhe cabia

Devolver ao dono certo a razão dizia
Errado coração sabia mas não ouvia...


.

domingo, 5 de abril de 2015

Lá no riacho...




Sentados lado a lado
Na beira do riacho
Que cantava e tentava

O menino e suas listas
Encolhia os dedos
Não se molhava

"Tem medo de que?"

Ela perguntava
E mergulhava na água
Feito uma Iara...



quinta-feira, 2 de abril de 2015

Em suas mãos...




Impresso o que vejo
Modesta ação
Expresso meu desejo
Somente coração

Sem vocabulário velejo
Nesse mar de erudição
Procurando sem pejo
Rendida à sua ilusão ...



quarta-feira, 1 de abril de 2015

Discussão...




Não discuta comigo
Vou te enrolar tanto
Me enroscar tanto
Que não saberá
Onde começo e você termina...




















Desenho do artista Caribé

terça-feira, 31 de março de 2015

Líquidos...




Nenhuma gota de suor
Pelo meu ouro e prata
Custaram gotas, gotas 
E gotas de lágrimas sem fim

Daria o meu sangue 
Além desse ouro e prata
Se pudesse ter o que perdi...


sábado, 7 de março de 2015

Ao sabor dos ventos





Gosto de empinar pipa contigo
Cruzar nossas linhas - sem cerol
Soltar os carretéis e voar mais alto

Gosto dessa dança das rabiolas
Que ziguezagueiam com alegria
Riscam o céu, se arriscam - brincam

Descalça e olhar de estrelas
Gosto desse vento à favor...



sábado, 28 de fevereiro de 2015

O mundo ainda é poesia




Fosse mesmo o meu amigo
Diria para jogar fora
O dicionário que leva contigo.

Salte e extrapole comigo
O agora passa da hora
Não rasgue a fantasia, te digo

Quem levanta muro - não enxerga o mundo







sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

poeminha de amor




O que sinto é tão imenso
Meu pulsar, o meu agito
O verso nem sai como penso
É no silêncio que admito.

Um querer que invade o senso
Na mente só se ouve o grito:
É sim, é sim... pra lá de intenso!




sábado, 14 de fevereiro de 2015

Porque é carnaval...



Abram as alas...

Vem...ser pierrot meu
Colombina te chama
Ronronar e ser romeu
Com julieta na cama

- Amar não é arma -
É dançar - É carma

Testemunha é o céu 
Aqui fora, vida teima 
Vamos rimar, o escarcéu
No ar livre - Fogo queima.

Vem fazer o diabo a quatro
Que mais nada importa
Até a quarta-feira,
E te entrego à porta!



domingo, 25 de janeiro de 2015

Mais que um bla bla blá



Belas palavras
Elaborados versos
Não me alcançam o peito

Quero um poema alado
Que me arraste as asas

Que deite aos meus pés
E faça me beijar os teus

Que me arranque pedaço
Me perca e vire só poesia


sábado, 17 de janeiro de 2015

De lua



Então me faça lua
Me ame mais
Não nas horas de glória 
Crescente e cheia
Ame quando
Me sentir diminuta
Sumida - me assuma
Me renove

Ame nos dias sim
E nos dias não
Ame até matar a saudade
Até a outra fase.




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Órion


Nas horas mortas
O indizível 
Me faz companhia.

Observo o céu da madrugada
Gosto do azul profundo.
Com a lua oculta,
As estrelas são rainhas.

Noite de verão - Vejo as três marias
(Mintaka, Alnilam e Alnitak)
Elas compõem o cinturão de Órion

Órion...o caçador - Protedor dos povoados
Diz a lenda, a paixão da virginal Ártemis -
a deusa da caça e da lua.

Ah...não amanheça ainda, ainda não 
Me deixe admirar essas estrelas. ..





Após a tempestade



O dia começou estranho
Surgiu como amanhecido
Até a mangueira padeceu
Quebraram lhe os galhos
Onde os pássaros quietos
De luto pelos ninhos perdidos

Apenas o som do compressor
Do barulho da serra
e da trovoada nada distante.

Ouço o apito,
Meu café com leite está quente
Toda despedida é triste...






.